domingo, 9 de janeiro de 2011

GAGUEIRA

O título de hoje é a Gagueira. Sim, estou tratando deste assunto porque eu já  fui Gaga.
Hoje não me considero mais gaga devido a minha evolução no quadro, o aprendizado que eu tive em “aprender a falar” e a aceitação do problema, que hoje não me incomoda mais.
Mas durante muitos anos, tive sérios problemas com a Gagueira, inclusive sofri de Bullying na Escola – um assunto que graças a Deus tem sido comentado na mídia e que os especialistas estão dando atenção ao problema.
Minha gagueira começou aos 2 ou 3 anos de idade (quem pode dizer isso melhor a respeito é minha mãe  rs rs), devido à um trauma infantil. De acordo com relatos da minha mãe, ela começou a notar na minha dificuldade de me expressar nesta idade. Lembro-me quando eu tinha uns 5 anos de idade, e morava com minha família na casa dos meus avós, onde minha avó dizia para eu “pensar e respirar” antes de falar. Isso era péssimo, não só a minha avó, mas muitas pessoas diziam isso para mim... Era horrível e frustrante. Eu não conseguia “pensar e respirar” antes de falar, até tentava, mas não adiantava de nada... E assim, o problema foi se expandido cada vez mais.
Há uns cinco anos atrás, fiz várias pesquisas a respeito sobre a gagueira, participei de comunidades na internet que dividiam o problema,  fui em palestras e, inclusive dei uma entrevista numa rádio a respeito do assunto.
Nesses estudos e conversas com psicólogos e fonoaudiólogos, descobri que quando uma criança apresenta quadro de gagueira, ela não deve ser chamada atenção sobre o caso. Ela não pode ter conhecimento de que o problema existe, como afirmações do tipo: “pare, pense e respire antes de falar”.
Enfim, portanto, aos que estão lendo esta postagem, e conhecem uma criança gaga, o mais correto é direcionar a um especialista (psicólogo e fonoaudiólogo) e não chamar atenção dela quanto ao caso. Façam de conta que o problema não existe.
Os especialistas dizem que a criança não pode tomar conhecimento sobre a gagueira, porque quanto mais ela “pensar antes de falar”, mais será agravada a fala. E assim, todas as vezes que ela for se controlar (pensar) para não gaguejar, ela não conseguirá êxito e acabará gaguejando.
O gago adolescente ou adulto tem muitas artimanhas para falar sem gaguejar, como estender a primeira sílaba de uma palavra, como por exemplo:  caaaaaabeça, baaaaanana, guaaaraná.
Outras vezes, finge esquecer determinada palavra, buscando a quem está o ouvindo que diga a palavra para ele falar na sequencia. Como por exemplo: Fulano, como é o nome mesmo da capital do Paraná? E então a pessoa com quem ele está conversando responde: Curitiba, e então ele repete a palavra e continua a conversa... Isso acontece porque quando o gago escuta determinada palavra que ele tem dificuldade de falar, para ele fica mais fácil ouvir a pronuncia para depois pronunciá-la.
Enfim, existem diversas artimanhas desse pessoal... Hehehe  inclusive eu as uso e em alguns casos. (Puts to abrindo meu segredinho... rs rs).
Quanto ao Bullying, digo que sofri na Escola porque eu não tinha “amiguinhos”... Todos eles achavam que “aquilo que eu tinha” pegava... Passava de uma pessoa para outra. Eu era excluída dos jogos em grupo na sala de aula, ninguém queria fazer trabalho de escola comigo, fazer parte do meu time de Caçador ou Volei...
Inclusive por diversas vezes fui dispensada de apresentar trabalhos orais da escola, para evitar vaias dos colegas. Como eram comuns as vaias (principalmente de meninos) quando eu ia apresentar trabalho, os professores me dispensavam deste sofrimento... Inclusive acho que não tinha paciência também... rs rs
 Enfim... Sofri bastante até a 5ª série, até conhecer minha primeira e melhor amiga: ANAISA. Que me ajudou muito e foi muito compreensiva comigo. Até hoje somos amigas, um pouco (ou muito) distantes, mas sempre amigas. Uma verdadeira amizade de carinho, respeito e compreensão. Hoje, ela mora na Espanha e sinto muita a sua falta. Portanto, um super beijo muito especial a ela. Amo você Aninha!
Como estava dizendo... Eu não consegui pronunciar uma palavra sequer inteira, sem gaguejar... Tadinha da minha mãe, que tinha a maior paciência comigo... Lembro que eu voltava da escola, cheia de novidades para contar e ficava horas contando, sempre gaguejando e ela, com muita paciência para me ouvir.
Fiz tratamento com formandos de psicologia e fonoaudiologia quando criança, que me ajudaram muito! Minha evolução foi fenomenal. Um super conselho aos pais que tem alguma criança gaga: quanto mais cedo o tratamento, mais eficaz será o tratamento e a melhora.
Eu devia ter uns 9 ou 10 anos de idade quando comecei o tratamento. Como não tínhamos plano de saúde, e a cobertura particular era muito cara, conseguimos o atendimento por uma Universidade de Curitiba, que realizavam atendimento à comunidade com os estagiários dos cursos de Psicologia e Fonoaudiologia, a consulta custava R$ 5,00.
Então, ai vai mais uma dica: para quem não tem dinheiro para bancar o tratamento, a maioria das universidades possuem um programa de atendimento à comunidade em diversas áreas. Vale a pena dar uma conferida.
A minha melhora foi muito boa, já não gaguejava tanto, conseguia me expressar, já tinha amigos com quem contar e então, só fui melhorando. Até os 18 anos, tive ainda alguns “baques” que quase me derrubaram, devido ao Bullying no trabalho. Preconceito de alguns ignorantes que não entendem, não compreendem e não têm o mínimo de sensibilidade para lidar com esse tipo de problema.
Fui agredida moralmente por duas pessoas na empresa, e isso mexeu muito comigo.
Fiz terapias, tratamento com psicólogos e até mesmo psiquiatras, os quais me ajudaram muito a me aceitar como sou. E hoje, levo a minha vida muito feliz. Ainda gaguejo um pouquinho, mas vejo isso como meu “charminho” minha “marquinha”.
E para mim, não sou mais gaga. Sou simplesmente uma pessoal normal e comum, assim como muitos outros. Inclusive já apresentei peças de teatro, palestras, TCC, bancas, enfim, converso muito bem em público. Não sou tímida, não tenho a menor intimidação de conversar com pessoas e falar em público.
O gago que se sente gago, se retrai, não gosta de falar, não fala em publico, sente medo e vergonha de se expor. E eu não me sinto desse jeito.
Se você é gago, fique tranqüilo! A gagueira não tem cura, mas tem tratamento! Procure ajuda, procure por especialistas. Mesmo sendo adulto, nunca é tarde, sempre há uma evolução. Você é normal assim como todos são. Nem tudo é perfeito, e veja pelo lado positivo, várias celebridades foram ou são gagas, e cito algumas como: Moisés (há uma citação na Biblia que diz sobre a sua dificuldade de falar), Rui Barbosa (orador), Isaac Newton, Aristóteles, Charles Darwin, Julia Roberts, Bruce Willis. Enfim, muitas celebridades também tinham ou tem o mesmo problema que o seu. Portanto, não estamos sozinhos nessa!
Existe um site muito bacana que fala sobre o assunto: ABRA GAGUEIRA – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA GAGUEIRA. http://www.abragagueira.org.br/.
 Inclusive, existe o DIAG – Dia Internacional de atenção à Gagueira – 22 de Outubro. E no ano passado a ABRA GAGUEIRA fez uma campanha super bacana: “GAGUEIRA NÃO TEM GRAÇA, TEM TRATAMENTO! Vale a pena dar uma conferida no site.
Enfim, termino aqui o assunto sobre a Gagueira, e espero de ter colaborado para o problema de alguém. Qualquer dúvida a respeito, comentário ou curiosidade, entre em contato. Ficaria muito satisfeita em ajudar.
Um forte beijo e abraço a todos.

5 comentários:

  1. Obrigada Luiz! Continue acompanhando... vou procurar abordar assuntos legais. Abraços

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  2. Ola Bah...
    Nunca imaginei que vc tivesse enfrentado problemas como esses...
    Bjao do Wagnao e muito massa a sua ideia.

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  3. Linda... te amo muito... e morro de saudades...
    Adorei o blog e sempre que der darei uma passada aqui...
    Muito sucesso sempre...

    Beijos... Cuide-se...

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  4. Eu tenho passado por isto na fase adulta e é tem sido difícil no trabalho!

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